O tecido adiposo já há muitos anos que deixou de ser visto como um mero local de armazenamento de gordura proveniente dos nossos excessos calóricos ao longo da vida. O tecido adiposo é também o local de armazenamento de diferentes compostos tóxicos, e o local de produção de inúmeras moléculas chamadas adipocinas às quais têm sido atribuídos diferentes efeitos a nível do metabolismo, controle do apetite e ao aumento da inflamação. Quanto maior o grau de obesidade maior a inflamação, especialmente quando esta é ao redor da cintura. Algumas barrigas são "fofas”, sendo possível segurar o excesso de gordura com as nossas mãos. Uns chamam-lhe pneus ou "muffin top” (parte de cima de um muffin) dada as semelhanças visuais. Por outro lado, temos as barrigas mais durinhas, tipo autênticas barrigas de grávida. No meio destes dois extremos, temos aquelas barrigas que apresentam um pouco das duas versões. Mais do que uma questão visual, esta barrigas têm consequências diversas, e as barrigas mais duras, são sem dúvida as mais perigosas. Enquanto na barriga fofa a gordura está localizada entre o músculo e a pele (chamada gordura subcutânea), no caso da barriga dura a gordura está localizada em redor dos órgãos, sendo chamada de gordura visceral. É ela a mais associada a complicações como ao aumento da incidência de diabetes, hipertensão, esteatose hepática, trombose, AVC, enfarte e outros. Saiba de uma coisa: se você tem gordura pra perder, ela está em todo o corpo, o processo é sistêmico e não local, seu fígado tem esteatose! Este excesso de gordura, dada a capacidade de aumentar a produção de moléculas pró-inflamatórias, vai servir de fonte contínua de estímulos para aumentar a sua inflamação silenciosa, assim como de uma doença crónica inflamatória que tenha, como artrite, bronquite, e tantas outras "ites”. O que fazer? Emagrecer, e perder esse excesso de massa gorda, mas de forma gradual e com acompanhamento médico, pois a perda também é sistêmica.